"POR QUE...?"
O resgate do "por que...?"
Quando a maioria de nós deparou-se pela primeira vez com a
PNL e também nos treinamentos atuais de PNL, fomos apresentados ao mantra do
Practitioner – "Não pergunte por que...?"
Isso é bom e apropriado. Por que? Porque a maioria de nós
omite o "por que..?" mais do que o como. E
o como por ser uma pergunta muito mais interessante é, de fato, a
pergunta do processo. Perguntar como nos leva para o campo da
modelagem. "Como você faz isso?
Como isso funciona?" Perguntar como nos provoca um processo instrutivo e de informações que nos permite reconhecer como uma pessoa desempenha uma dada tarefa, habilidade ou estado. Como nos convida para o contexto do pensamento em termos de estrutura.
Compare:Como isso funciona?" Perguntar como nos provoca um processo instrutivo e de informações que nos permite reconhecer como uma pessoa desempenha uma dada tarefa, habilidade ou estado. Como nos convida para o contexto do pensamento em termos de estrutura.
1)"Por que você está desse jeito?"
2)"Como você assusta a si mesmo? Como você se deprime?
Como você se enfurece? Como você se coloca nesta disposição de temperamento?
Como soletra tão impecavelmente? Como se controla tão efetivamente? Como
permanece tão alegre mesmo quando coisas traumáticas acontecem para você?"
Perguntas do tipo "por que...?" nos
convidam a explicar, teorizar, fornecer razões e justificar. E isso é
perfeitamente certo e adequado. A ciência moderna foi construída sobre essa
base. Esse é o tipo de pensamento que nós aprendemos na escola e na
Universidade. Nós perguntamos "por que...?" a fim de
explorar e ampliar o conhecimento num campo. É neste momento que nós teorizamos
e construímos as estruturas teóricas que depois nos permitem prever as
possibilidades, hipóteses, testes, imaginar as razões e as "leis" por
trás de um fenômeno, etc.
Então o que tem de ruim em perguntar "por que...?"
Porque as perguntas "por que...?" estão embutidas no mais alto
contexto de referência, isto é, se nós entendemos o porquê supõe-se de que o
problema esteja resolvido. Isto é insanidade. Ainda assim, isso tem sido a
suposição não escrita de muitos psicólogos do século vinte. Freud tornou isso
explícito. A "verdade" da psicanálise, como Sigmund Freud afirmou,
está sucintamente expressa na declaração "Onde existe Id, deve existir o
Ego." Para Freud, tornando consciente o processo inconsciente possibilita
uma pessoa a "trabalhar favoravelmente" o conhecimento, o sofrimento
ou a realidade e ficar bem.
Outros psicólogos e psicoterapeutas seguiram o mesmo
caminho. Eles tomaram a idéia básica, que algumas vezes realmente funciona – a
idéia de que "o entendimento é curativo por si," e a tornaram
absoluta. Isso fez com que o entendimento do "por que...?" de uma
experiência seja absolutamente essencial para a cura. "Para resolver isso
você tem que entender. Agora, por que você está deste jeito? Foi alguma coisa
que sua mãe fez para você quando era criança?"
No entanto, nem todos nós acreditamos. Mero conhecimento não é
habitualmente suficiente. Conhecendo "por que...?" nós
comemos demais, deixamos de nos exercitar regularmente, não economizamos 10% do
salário para formar uma poupança, não gostamos de uma certa pessoa, rejeitamos
certas crenças, procrastinamos, ficamos estressados, berramos com nosso colega,
etc., não necessariamente equivale a proceder inteligentemente com este
conhecimento. Conhecer o porquê não é uma panacéia. E perguntando "por
que...?" muito no início e muito cedo pode nos levar para a direção
errada, pensando erroneamente que o problema estará resolvido quando obtivermos
a "resposta".
Nível Practitioner – Não Pergunte "Por que...?"
Foi por essa razão que Bandler e Grinder protegeram os
primeiros practitioners de PNL com o mantra Não Pergunte "Por
que..."? Eles fizeram isso para interromper o antigo programa.
Eles utilizaram isso para quebrar o contexto automático da mente que "por
que...?" leva a "respostas" e que "respostas" resolvem
os problemas. Eles fizeram isso para evitar formar intelectuais inteligentes
que podiam falar sobre o jogo mas não jogá-lo.
Em vez disso, eles se concentraram em todos as outras
perguntas relacionadas: como, quando, onde, o que, qual, com quem, de que modo,
etc. Ouvindo esse tipo de pergunta de Fritz Pearls e Virginia Satir, eles
criaram um metamodelo sobre o uso efetivo da linguagem no contexto da terapia.
Eles chamaram isso de Metamodelo e estabeleceram em torno de 12 perguntas que
desafiam a estrutura ou a forma do significado. Nós não temos a pergunta "por
que...?" no Metamodelo. Nós temos outras perguntas que relacionam
uma experiência e o contexto da pessoa sobre a experiência.
Terry McClendon fez parte dos primeiros grupos de prática
pré-PNL e conta essa história engraçada no livro "The Wild Days of
NLP" (1989). Foi num dos primeiros grupos da Mission Street (em Santa Cruz,
Califórnia) que nós começamos a adquirir as nossas ferramentas para coleta de
informações que mais tarde se tornariam os padrões do metamodelo. As bases das
ferramentas para coleta de informações começaram com as perguntas como, quem e
o que a partir da estrutura de Gestalt, apagando aquela pergunta não
mencionada, "por que...?" Nós costumávamos gritar e, algumas vezes,
dávamos socos na cabeça ao dizerem "por que...?" (p.40)
Isso faz sentido se você quer orientar uma pessoa que está
operando sob a presunção de que "saber a resposta" resolve um
problema. Assim mesmo hoje, nos treinamentos de Practitioner em PNL, enquanto
nós deixamos de gritar com as pessoas ou socá-las na cabeça, nós continuamos a
convidar as pessoas a aprenderem o mantra Não pergunte "por
que...?".
Existe uma razão para fazer isso. E entender porque nós
fazemos isso é importante. Nós fazemos isso para desenvolver o contexto da
modelagem da mente e o contexto da mente que vê, reconhece e trabalha
com a estrutura mais do que com o conteúdo. "Por
que...?" tende a nos seduzir para o conteúdo. Como nos
libera do conteúdo e, junto com outras perguntas relacionadas, nos possibilita
nos movermos para uma metaposição na qual podemos então pensar em termos de
estrutura e processo.
Como isso funciona?
Essa foi a razão original para a ausência do "por que...?" no início da PNL. Ela permitiu que as pessoas reconhecessem que a mágica da transformação da PNL ocorria devido a mudança na estrutura e não no contexto. No livro "NLP: Going Meta" (1997) eu expus essa razão como motivo para a exclusão do "por que...?" no Metamodelo:
"Como
Bandler e Grinder acharam a psicologia muito oprimida sob o peso do "por
que...?", e múltiplas teorias explicando porque as pessoas eram do jeito
que eram, eles não queriam fazer nada com o que chamavam de ‘psico teologia.’
Como resultado, isso conduziu a proibição geral contra fazer a pergunta "por
que...?" Muitos, senão a maioria dos Practitioners de PNL foram
bem treinados a "não perguntar por que...?" e até tem, de algum modo,
isso condicionado como uma coisa ‘ruim.’"
Tornando-se um Mestre em perguntas "Por que...?"
Evitar "por que...?" continua
até o treinamento Master Practitioner. É quando nós reintroduzimos o "por
que...?"e convidamos as pessoas a perguntarem um "por
que...?" mais cuidadoso e inteligente. O Master Practitioner
envolve o aprendizado do modelo dos metaprogramas. É aí que nós separamos
aqueles que processam a informação "como" e aqueles que necessitam
saber "por que..?" (metaprograma de Direção
Filosófica). É aí que nós nos deslocamos dos modelos de modelagem para os meta
contextos que permitem a pessoa perguntar "por
que...?" e a explorar níveis mais elevados de razões, causas,
fatores de influência e domínios de conhecimento.
Dennis Chong não concorda com isto. Tendo
incorporado o mantra do "por que...?" no seu livro, Don’t
Ask Why?! (1991), ele assumiu que Bandler e Grinder evitaram o "por
que...?" porque existia algo "ruim" sobre a causação.
Ele pensa que porque uma declaração causa-efeito pode ser "mal
formada", que ela tem que ser mal-formada e que isto é absolutamente péssimo.
É interessante pois não existe nenhuma menção contra "por
que...?" na Estrutura da Magia. Ele diz que Bandler e Grinder
"censuraram" a causa-efeito. De fato, eles não o fizeram. Eles nunca
disseram isto. Eles somente a usaram como uma distinção lingüística e
questionaram "como" que uma coisa causa uma outra. Eles a usaram para
declarações de perguntas psicológicas como "Ela me faz ficar brabo."
Eles não tinham nenhum problema com declarações do tipo "A chuva me deixa
molhado."
No nível Master Practitioner nós
reconhecemos que não é meramente a pergunta "por que...?" em
si mesma que é boa ou ruim, útil ou inútil, limitante ou fortalecedora, mas que
é o contexto que influencia muito. Nós aprendemos que se perguntarmos "por
que...?" dentro de qualquer contexto de crença limitante, o
verdadeiro processo de questionamento do "por que...?" irá
reforçar e fortalecer a crença limitante ou o conhecimento. Nós também
aprendemos que se perguntarmos "por que...?" dentro
de qualquer crença fortalecedora, conhecimento, decisão, valor, etc., então o
processo da resposta irá reforçar e fortalecer este contexto.
Isso muda tudo. E isso nos conduz, no
nível Master Practitioner, para o conhecimento de que, enquanto nós nunca
perguntamos "por que...?" num contexto limitante,
nós sempre perguntamos "por que...?" no caso de um
contexto fortalecedor. Nós queremos que a pessoa se justifique, dê razões, crie
estruturas de causa-efeito para equivalências complexas, pressuposições, etc.,
para contextos fortalecedores da mente. É evidente!
Portanto, só depois que tivermos
abandonado o velho e inútil hábito de perguntar "por que...?",
e termos aprendido e praticado integralmente a fazer as outras perguntas
relacionadas, é que estaremos prontos a aprender a perguntar "por
que...?" de uma maneira nova e mais informada. Isso, mais
adiante, nos permitirá reconhecer que existem muitos tipos de perguntas "por
que...?" Assim, como Master Practitioner, nós descobrimos que
existem vários tipos diferentes de "por que...?" e
aprendemos a distinguir esses diferentes tipos. Cada pergunta "por
que...?" não necessariamente elicia o mesmo tipo de resposta.
Existem diferentes tipos de "por que...?", muitos
deles muito úteis, saudáveis e adequados. Alguns "por
que...?" são, de fato, cruciais para uma imagem completa quando
modelando algum expertise.
1) O "Por que...?"
da Causação/Fonte.
Por que você age (sente, pensa) desta
maneira?
Por que você se sente desse jeito com este
disparador?
Por que você está desta maneira?
2) O "Por que...?"
da Explicação.
Por que você se julga tão severamente?
Por que esse padrão se repete nesse
contexto?
Por que essa experiência teria essas
qualidades ou efeitos?
3) O
"Por que...?" da Teleologia ou Objetivo. (efeitos
finais, objetivos desejados)
Por que você faz isto? (i.e., O que você
pretende obter ao fazer isto? Qual é o propósito?)
Por que você quer isto?
Por que você está tão atento a isto?
Quando você atingir esse objetivo, por que
isto é importante para você?
4) O
"Por que...?" do Valor e Importância. (Valores,
contextos de referência, crenças)
Por que você faz isto? (i.e., Qual é o
valor que isso tem para você?)
Por que você acha isso importante e
significante?
O reconhecimento destes diferentes tipos
de "por que...?" nos permite trabalhar efetivamente
com essas categorias semânticas de causa e origem, explicação, objetivos,
valores e intenção. Enquanto algumas perguntas"por que...?" podem
nos convidar a responsabilizar e encontrar estruturas causa-efeito não
existentes como Dr. Chong salientou, elas não são absolutas. Nem todas
perguntas "por que...?" eliciam desta maneira.
O resgate do "Por
que...?" na Neuro-Semântica
Eu estava na África do Sul conduzindo
nosso primeiro treinamento de Trainers em Neuro- Semântica, quando o trainer em
PNL e NS Jim Kyriacou disse que ele agora tinha uma nova definição de
Neuro-Semântica. Ele disse que "Neuro-Semântica é o resgate do "por
que...?"
De onde ele tirou esta idéia?
Foi do fato que nós usamos vários padrões
para descobrir "por que...?" a pessoa pensa, sente,
razões e contexto das coisas como ela faz. Nós perguntamos "por
que...?" intencionalmente, do mesmo modo como nós exploremos os
contextos dos meta-níveis das razões, conhecimentos, crenças e níveis das
crenças. Nós fazemos isso para entender mais detalhadamente a matriz da mente
de uma pessoa. Isso nos dá uma habilidade para reunir uma informação de maior
qualidade e um acompanhamento muito mais completo.
Nós fazemos isso na modelagem. Afinal de
contas, muitas vezes ela não é suficiente para entender o que uma
pessoa faz para gerenciar, delegar, escrever, criar, formar uma riqueza,
vender, etc. Nós também precisamos saber porque os
especialistas fazem isto. Qual é o conhecimento deles sobre isto? Quais as
crenças de nível mais elevado e contextos da mente que governam suas
experiências? Por que eles visualizam algo como importante?
Assim nós sempre perguntamos "por
que...?" quando nós modelamos um especialista que tem uma
habilidade que queremos modelar. A falta de conhecimento dos porquês dele
nos deixa no escuro assim como os níveis mais elevados da sua mente. Na minha
opinião isso explica, parcialmente, por que a PNL não tem sido tão criativa
neste campo nos últimos anos como se poderia esperar. Isso explica por que na
Neuro-Semântica nós temos recuperado muito da inspiração original, da
criatividade produtiva e da inovação de novos modelos. Nós temos
perguntado "por que...?" sobre níveis e contextos
mais elevados. Nós temos perguntado "por que...?" sobre
processos para fazer o modelo mais explícito.
Foi Nietzsche quem disse "Aquele que
tem um ‘por que...?’ para viver pode suportar quase
qualquer como." Viktor Frankl baseado nesta idéia, criou sua
Logoterapia. Isso realça a importância de desenvolver um "por
que...?" suficientemente grande na vida.
Com um "por que...?" suficientemente grande, nós podemos fazer qualquer coisa que mandamos a nossa mente fazer. Este é o poder de um meta-contexto elevado. Isto funciona porque o "por que...?" da razão e da importância (que nós nomeamos como "valores") serve como uma estrutura de meta nível que fortalece o nosso sistema de propulsão. Fortalece as nossas motivações e energia. Um sistema de propulsão efetivo terá sempre, pelo menos, um "por que...?" muito grande e, habitualmente, mais do que um.
Com um "por que...?" suficientemente grande, nós podemos fazer qualquer coisa que mandamos a nossa mente fazer. Este é o poder de um meta-contexto elevado. Isto funciona porque o "por que...?" da razão e da importância (que nós nomeamos como "valores") serve como uma estrutura de meta nível que fortalece o nosso sistema de propulsão. Fortalece as nossas motivações e energia. Um sistema de propulsão efetivo terá sempre, pelo menos, um "por que...?" muito grande e, habitualmente, mais do que um.
"POR QUE...?"
Reviewed by Ezequiel Ramalho Gomes
on
abril 01, 2016
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