Boas Maneiras

A cansada ex-professora se aproximou do balcão do supermercado. Sua perna esquerda doía e ela esperava ter tomado todos os comprimidos do dia: para pressão alta, tonteira e um grande número de outras enfermidades.
"Graças a Deus eu me aposentei há vários anos" - ela pensou. "Não tenho energia para ensinar hoje em dia." Imediatamente antes de se formar a fila para o balcão, ela viu um rapaz com quatro crianças e uma esposa, ou namorada, grávida. A professora não pôde deixar de notar a tatuagem em seu pescoço.
"Ele esteve preso" - pensou.


Continuou a observá-lo. Sua camiseta branca, cabelo raspado e calças largas levaram-na a conjecturar:
"Ele é membro de uma gangue."
A professora tentou deixar o homem passar na sua frente. - Você pode ir primeiro - ofereceu.
- Não, a senhora primeiro - ele insistiu.
- Não, você está com mais gente - disse a professora. - Devemos respeitar os mais velhos - defendeu-se o homem. E, com isto, fez um gesto largo indicando o caminho para a mulher. Um breve sorriso surgiu em seus lábios enquanto ela mancou na frente dele. A professora que existia dentro dela não pôde desperdiçar o momento e, virando-se para ele, perguntou:
- Quem lhe ensinou boas maneiras? - A senhora, Sra. Simpson, na terceira série.
(Paul Karrer)
Boas Maneiras Boas Maneiras Reviewed by Ezequiel Ramalho Gomes on março 27, 2016 Rating: 5

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